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Como viajar de barco pelo Rio Amazonas do Equador ao Brasil



Viajei de barco pelos rios da Amazônia no final de 2024. Uma travessia de vinte dias de Coca (Equador) até Belém (Brasil), atravessando o Peru e a Colômbia, tudo compartilhado no meu perfil do Instagram em uma série de vídeos. Nesse guia prático, vou te contar tudo o que sei, para ajudar você que quer realizar o mesmo trajeto.


Não naveguei todo o rio Amazonas, pois comecei por um de seus afluentes: o rio Napo. Essa rota é a mesma que o colonizador espanhol Francisco de Orellana fez no século XVI e que lhe rendeu o título de “descobridor do rio Amazonas”. Pode até ter sido em meio aos europeus, mas os povos originários já viviam desse rio muitos antes de ele chegar. O nome Amazonas (de origem grega), refere-se às guerreiras indígenas que atacaram a embarcação de Orellana em um dos pontos ao longo do rio.


Entretanto, minha jornada pouco tem a ver com o colonizador. Fui inspirada pelo trajeto da dourada, conhecida nos países de língua espanhola como dorado. Um peixe que percorre mais de onze mil quilômetros desde os Andes peruanos até o estuário, entre o Pará e o Amapá, onde o rio desagua no Oceano Atlântico. Essa é a maior rota percorrida por um peixe de água doce, que nomeou minha travessia de A Descida da Dourada, realizada em colaboração com o Festival Psica.



A Cultura Que Flue Pelos Rios

Nessa viagem, agucei a minha sensibilidade e os meus sentidos para encontrar semelhanças culturais que unem os países da Pan-Amazônia. Não foi difícil. No Norte do Brasil, convivemos desde pequenos com nossa latinidade através da música que toca nas rádios e nos passos de danças. Contudo, espero que a grande contribuição que pude trazer com esse projeto foi, justamente, mostrar que até nos mínimos detalhes nos assemelhamos.


Apesar de falar línguas diferentes, a vivência de mora à margem do rio, tendo as palafitas como moradia, os tipos de embarcações usadas, os frutos da floresta tropical e os peixes de água doce que alimentam os amazônidas são os mesmos. Até os trejeitos, o descanso de um pé na outra perna, também. Sem deixar de falar no óbvio: o marrom do rio e o verde da mata que mistura milhares de espécies em uma paisagem só.


Viajar pelos rios da bacia Amazônica é uma viagem por nós mesmos, amazônidas, nortistas brasileiros. É uma forma de levar e trazer informações do que acontece do outro lado, uma movimentação centenária. Mesmo com carro, avião, ou qualquer transporte, os barcos que atravessam a Pan-Amazônia ainda são os principais meios de transporte para quem vive nas margens do rio. No livro O Turista Aprendiz (1927), Mário de Andrade já comenta esse fluxo de pessoas e de mercadorias que acontece pelo Amazonas.


Onde encontrar mais informações?

É difícil encontrar informações precisas e atualizadas na internet. As que encontrei me guiaram somente para que soubesse a média de duração da viagem e qual caminho eu percorreria. É preciso ter algum tempo de sobra para realizar essa jornada, pois os barcos saem em dias específicos, existem contra-tempos e é bom ter a possibilidade de parar pelo caminho para conhecer novos lugares.


Do pouco conteúdo que encontrei, dois posts do blog João Leitão me ajudaram muito: 550 horas de barco no Rio Amazonas e 70 dicas para viajar de barco no rio Amazonas. Outra postagem importante foi o Guia para cruzar de Letícia até Manaus. Confesso, também usei o ChatGPT.


Subir ou descer o rio?

Fazer a viagem em direção ao Oceano Atlântico é mais rápida, pois o barco segue o fluxo e navega no meio do rio. Por outro lado, viajando no sentido contrário, mesmo que mais devagar, se vê mais das comunidades ribeirinhas já que o barco vai próximo das margens.


Essa foi a minha jornada:


Porto Francisco de Orellana em Coca, Equador
Porto Francisco de Orellana em Coca, Equador

Quito → Coca (Equador) de ônibus

Eu estava em Quito quando recebi a confirmação da viagem. Para chegar ao rio Amazonas, primeiro precisei chegar ao rio Napo, pela cidade equatoriana de Coca.


Na capital, compramos tudo que precisaríamos para viagem. Encontramos rede, corda, corrente, cadeado, lençóis e travesseiros no Mercado Artesanal Quitus e arredores – recomendo fazer o mesmo, pois não tinha lojas de artigos de viagem de barco nos municípios seguintes. Também compramos comida em um hiper-mercado, o que foi essencial, pois se não teríamos ficado com fome nos primeiros dias de viagem.


✴︎ Cooperativa de Ônibus: Trans. Coca

✴︎ Terminal: Quitumbe – Quito Sur

✴︎ Tempo de Viagem: oito horas

✴︎ Valor: USD$14 ≈ R$82,50

✴︎ Informações: consultei pelo site Ecuador Bus, mas comprei a passagem diretamente no Terminal chegando com antecedência.


Barco lento da Cooperativa Orellana que faza a rota de Coca a Nuevo Rocafuerte


Coca → Nuevo Rocafuerte (Equador)

O plano inicial era pegar um barco desde Coca à Iquitos (no Peru), mas quando cheguei lá esse barco não existia. A única opção era ir até Nuevo Rocafuerte, a cidade equatoriana na fronteira em uma lancha rápida ou lenta. Os barcos cargueiros onde viajamos dormindo em redes não eram uma opção, imagino que pelos níveis baixos do rio Napo.


✴︎ Cooperativa Fluvial: Orellana

✴︎ Terminal: Puerto Maritimo Francisco de Orellana

✴︎ Tempo de Viagem: onze horas

✴︎ Horários: todos os dias, lancha lenta 7:00 e lancha rápida 12:00 ou 13:00

✴︎ Valor: lancha lenta: USD$20,60 ≈ R$121 | lancha rápida: USD$38 ≈ R$225

✴︎ Informações: envie uma mensagem no número de WhatsApp disponível no Google Maps.


Se o plano inicial tivesse seguido, eu teria que ir à imigração carimbar no passaporte a minha saída do país ainda em Coca. Então, se quando você for fazer a viagem houver a opção de cruzar a fronteira e seguir no mesmo barco, não deixe de verificar isso.

Coca, Equador

✴︎ Hospedagem em Coca: Hostal Casa Blanca

✴︎ Valor: $17 ≈ R$100 por um quarto de casal com banheiro privado, ar condicionado e Wi-Fi. Paguei mais barato reservando diretamente na recepção do que se tivesse o feito online.


Lancha que nos levou do Equador ao Peru


Nuevo Rocafuerte → Cabo Pantoja (Peru)

Nuevo Rocafuerte é um município minúsculo. As opções de hospedagem são básicas e limitadas. Eu senti que, no geral, cobram um preço bem alto (que pode ser negociado). Encontrei hostels no Google Maps, mas não nas plataformas de reservas. O negócio é ir de porta em porta perguntando o preço e pedindo para ver o quarto. A maioria não tem ar condicionado, só ventilador, e se tiver será mais caro. Mas recomendo já atravessar para Cabo Pantoja ao invés de dormir no município, pois no lado peruano da fronteira a hospedagem é muito mais barata.


Vá ao escritório de migração carimbar a saída do país no passaporte, mesmo que você ainda vá continuar lá por algumas horas ou um dia. Não existe posto de controle no meio do rio. Não tenho o endereço, mas qualquer pessoa saberá lhe indicar a localização lá mesmo.


Não existe uma cooperativa local que faça o traslado entre fronteiras, então é contratar um barqueiro local. No nosso caso, o próprio dono da hospedagem nos levou em uma lancha, mas também tive referência de outra pessoa perguntando para as pessoas nas ruas. Me disseram que é possível economizar se, perguntando na beira do rio, encontrar alguém que viva em Cabo Pantoja e vá a Nueva Rocafuerte para fazer compras.


Realmente não sei se o preço que paguei foi o justo. Tinha visto em uma postagem online, de anos atrás, que custava USD$20 por pessoa, mas paguei mais caro.

✴︎ Tempo de Viagem: uma hora

✴︎ Horários: a combinar com o barqueiro

✴︎ Valor: USD$30 ≈ R$177


Nuevo Rocafuerte, Equador

✴︎ Hospedagem: Hostal Yasuni Travel

✴︎ Valor: $18 ≈ R$106 por um quarto de casal com banheiro privado e Wi-Fi.


Santa Clotilde, Peru


Cabo Pantoja → Iquitos, Peru

O homem que nos levou também nos apresentou à um colega chamado Rodrigo, dizendo que ele era capitão do barco e que poderíamos confiar nele se tivéssemos qualquer dúvida. Como não tínhamos Soles, a moeda peruana, precisamos trocar dinheiro com ele. O câmbio informal era USD$1 = S./3,50 (o correto seria S./3,70), mas não tinha outra opção então trocamos o suficiente para chegar em Iquitos.

O barco para Iquitos sai Terça, mas saímos na Segunda em uma lancha que o Rodrigo arranjou para gente. Um transporte informal, mas legítimo, utilizado pelos moradores das comunidades também. Não sei se o barco oficial era maior, mas como estava preocupada com o cronograma para chegar no Brasil à tempo do festival, abracei a oportunidade de adiantar um dia.

Inclusive, algo que foi uma surpresa para mim nesse trajeto mas não precisa ser para você: quase chegando em Iquitos, se observarmos no mapa, o barco precisa dar uma volta para entrar no rio Amazonas. Para poupar tempo, os barqueiros param no município de Mazan, todos os passageiros descem do barco e atravessam de motorrete até o outro lado, onde já é Indiana. Outro barco está a espera e, ao fazer essa travessia, chegamos no Rio Amazonas. Eu não sabia disso, fiquei sem entender nada e segui o fluxo torcendo para que desse certo.

✴︎ Tempo de Viagem: um dia e meio (saímos às 7:00 e chegamos 15:00 no dia seguinte)

✴︎ Horários: o barco oficial sai às Terças, não sei se há outro horário

✴︎ Valor: USD$70 ≈ R$412

✴︎ Informações: nesse município, nossa passagem foi baseada em confiança nas pessoas que nos ajudaram. Realmente, é bem difícil encontrar informações concretas até chegar lá, mas os horários dos barcos já é possível saber em Coca ou Nuevo Rocafuerte.

Na noite do primeiro dia de viagem, pernoitamos em Santa Clotilde, um interior bem bonitinho. Pagamos S./20 ≈ R$33 pela noite em um quarto de casal com banheiro, simples, sem Wi-Fi.


Cabo Pantoja | Barco "B/F Lobo Chevere" que nos transportou da fronteira até Iquitos


Cabo Pantoja, Peru

Se Nuevo Rocafuente é minúscula, não sei nem o que Pantoja é. De certo, é um município bem interessante. A parte principal da cidade é toda na beira do rio, demarcada por uma calçada longa com cabanas de madeira e palha por toda sua extensão para que os locais possam sentar e conversar. Todos saem para rua no final da tarde, daquele jeitinho de cidade do interior mesmo. Bom demais.


O escritório de migração só abre à noite, você tem que ir lá para registrar a entrada no país.


Não preciso dizer que ambos os municípios carecem de muitos serviços, por isso é preciso ir preparado com dinheiro em espécie, comida e tudo o mais. Tem mercadinhos onde é possível comprar coisas gerais como refrigerante, água, cup noodles, cerveja.


✴︎ Hospedagem:

✴︎ Valor: S./30 ≈ R$50 por um quarto matrimonial com banheiro, bem simples

✴︎ Internet: S./3 ≈ R$5 por uma hora e meia


Iquitos, capital da Amazônia Peruana


Iquitos → Tríplice Fronteira: Santa Rosa (Peru), Letícia (Colômbia), Tabatinga (Brasil)

Ah, Iquitos! Uma capital amazônica de meio milhão de habitantes acessível somente por via fluvial ou aérea. É uma parada obrigatória. Queria ter tido mais tempo para ficar lá, fazer passeios pela floresta ou me hospedar fora da parte urbana.


✴︎ Cooperativa Fluvial: Zoe Alexa

✴︎ Tempo de Viagem: 16 horas até Santa Rosa do Yvari

✴︎ Horários: 

✴︎ Valor: S./120 ≈ R$187

✴︎ Informações: é uma lancha rápida que viaja durante a noite. Existe também um barco maior e lento que, se não me engano, demora três dias para chegar na região da fronteira. Essa e outras informações consegui perguntando para o guia Javier e na recepção do hostel.


Iquitos, Loreto, Peru

Você precisa conhecer Belén, o Mercado Flutuante de Iquitos, que quando o rio sobe (em Março) se torna acessível somente por canoas. Como fui em Novembro, o rio Itaya ainda estava baixo – mas foi possível navega-lo em sua parte principal, rodeado por moradias de ribeirinhos que migraram das comunidades ao redor para o centro urbano. Contratei um guia local, o Javier Paima, para me contar a história de Belén e valeu cada centavo, passamos uma manhã inteira andando pelas ruas desse mercado gigante e ainda navegamos pelo rio em uma rabeta.


✴︎ Hospedagem: Amazon Dream Hostel

✴︎ Valor: S./90 ≈ R$140 por um quarto de casal com banheiro, ar condicionado e Wi-Fi incluso. ✴︎ Contato do guia Javier Paima:


Noite no barco entre Tabatinga e Manaus


Tabatinga → Manaus, Brasil

✴︎ Cooperativa Fluvial: Agência Sol Viagens ✴︎ Terminal: Terminal Hidroviário de Tabatinga

✴︎ Tempo de Viagem: quatro dias

✴︎ Horários: Terça, Quarta, Sexta e Sábado às 12:00

✴︎ Valor: R$240

✴︎ Barco: F/B M. Monteiro II – o melhor da viagem, as três refeições são inclusas no valor da passagem. Recomendo essa embarcação!

✴︎ Internet: R$50 por toda a viagem

✴︎ Informações: para comprar a passagem o intermediário é a Sol Viagens. Eles tem um cronograma mensal de saída dos barcos, você pode ir diretamente no Terminal ou contata-los pelo WhatsApp no número (97) 99154-2597. Não precisa comprar passagem com antecedência.


Porto de Letícia: os barcos que transportam as pessoas entre as cidades fronteiriças


Leticia, Amazonas, Colômbia

Na fronteira, optei por me hospedar em Letícia, na parte colombiana, que tem uma estrutura muito melhor do que Tabatinga ou Santa Rosa. O translado entre as cidades é rápido, de barco ou de mototáxi (entre Letícia e Tabatinga). Se só estiver de passagem ("vou ali e já volto") não precisa de visto no passaporte. Mas se for ficar mais de 24 horas precisa registrar oficialmente sua entrada, assim como você precisa ir ao escritório de migração brasileiro quando for entrar de vez no Brasil.


Em Letícia, o escritório de migração é dentro do aeroporto.


Fique um tempo na fronteira para viver a dinâmica intercultural para além das fronteiras que existe. Em Dezembro, ocorre o Festival de Tribos do Alto Rio Solimões e, em Julho, o festival que celebra a união da Tríplice Fronteira com apresentações culturais de Brasil, Colômbia e Peru.


✴︎ Hospedagem: La Jangada Hostel

✴︎ Valor: COP45.000 ≈ R$60 por uma cama em dormitório compartilhado para seis pessoas, com banheiro dentro do quarto e Wi-Fi incluso.



Manaus → Belém, Brasil

A passagem por Manaus foi mais rápida do que eu gostaria, considerando o tanto que o Estado inteiro tem a oferecer. Foi minha segunda vez na cidade e preciso voltar!


✴︎ Terminal: Porto de Manaus

✴︎ Tempo de Viagem: cinco dias

✴︎ Horários: Quarta e Sábado

✴︎ Valor: R$400

✴︎ Barco: Itaberaba I – viajei pela segunda vez nesse barco, por acaso, e não recomendo. É pequeno. Prefiro o Amazon Star, se você tiver a opção. Nesse trajeto as refeições não estão inclusas no valor da passagem: café da manhã custa R$10, almoço e jantar R$25.

✴︎ Internet: R$35 por toda a viagem

✴︎ Informações: você pode ir diretamente no Porto, consultar os sites Ibarco e MacAmazon ou entrar em contato com o Amazon Star no link mencionado acima.


Manaus, Amazonas, Brasil

Paguei por hospedagem em Manaus de besta, com medo de chegar tarde e não ter para onde ir. Poderíamos ter dormido mais uma noite no barco que nos trouxe de Tabatinga e economizado.


✴︎ Hospedagem: Casa 307

✴︎ Valor: R$140 por um quarto de casal com banheiro privado, ar condicionado, Wi-Fi e paz numa casa incrível.


Quanto tempo é preciso para realizar essa travessia?

Essa viagem, como dito anteriormente, durou vinte dias. Poderia ter durado quinze e, sem dúvidas, poderia ter durado mais. Passei algumas noites em Iquitos (Peru) e em Letícia (Colômbia), mas o tempo era de fato curto, pois eu precisava chegar em Belém para o festival Psica antes do dia 13 de Dezembro, e parti de Coca no dia 24 de Novembro.


Quanto custou essa brincadeira?

Afinal, quanto custou tudo isso? Quanto você precisa para realizar a mesma viagem?

Os gastos dependem de cada pessoa, se você é mais econômico ou gosta de se mimar, quanto tempo você tem, quantas pessoas farão a viagem. Mas, para você ter uma ideia...

Os valores que mostro são para duas pessoas, como há custos que são compartilhados.

Compras de itens de viagem (rede, corda, etc): R$255,00

Comidas e Bebidas (incluindo compras no supermercado): R$1.625,00

Hospedagem: R$838,00

Transporte: R$3.632

Internet: R$92,00

Outros: R$190,00

Total: aproximadamente R$6.632,00 para duas pessoas ou R$3.316,00 por pessoa



Se você quiser conhecer a série de vídeos que fiz sobre a minha jornada e a cultura Pan-Amazônica, clique aqui. Se você vai realizar essa viagem e essa postagem te ajudou de alguma maneira, não deixe de me contar nos comentários, por favor.


Espero que muito mais pessoas vivam essa aventura, que vejam nossos rios, que compreendam melhor a nossa cultura Pan-Amazônica. Que possamos sonhar em conhecer as nossas próprias terras, pois a Amazônia atravessa as linhas geopolíticas inventadas pelo homem. Que falemos português, espanhol e portunhol para nos conectar com os nossos hermanos e contar a eles como é o mundo do lado de cá, enquanto descobrimos como é do lado de lá. Se você não for amazônida, espero que possa viver essa experiência também e conhecer mais a fundo a região. Que tenha continuidade a troca milenar de informações, hábitos e cultura entre as pessoas nas margens dos rios da Amazônia.

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