top of page

Sobre uma vontade incessante de viajar

Interessante é, até hoje, tentar identificar de onde vem e para onde vai esse aperto que sinto no peito toda vez que eu penso no mundo que ha lá fora. Há quantos anos já dura isso? Talvez uns cinco. Falo sobre a sensação de que minha vida só começará realmente quando eu sair daqui. Mas, daqui onde? Se minhas amarras são externas ou internas eu não sei. 


Houve uma época em que tudo o que eu tinha era a vontade de ir viajar. Ir embora, viver em um lugar melhor e mais legal onde eu realmente pudesse sentir que minha vida começou. E, de certa forma, eu só tinha isso mesmo. O que eu só pude perceber mais a frente que era a falta de vivência. Viver. Vida. Vivência. A partir do período em que pude me ver inserida em uma realidade, rodeada de pessoas que colocavam meu pé no chão, e momentos que me traziam para o presente, o desejo de escapismo diminuiu. A vida não era ruim, afinal. Ela já tinha até começado, mas eu vivia para o futuro. 


Ainda assim, quando meu pensamento viaja a todos os lugares pelos quais passei, viaja por todos os lugares os quais posso passar e tantas vidas que nem minhas são e eu poderia ter vivido, volta a sensação de não pertencimento, de que tenho que ir embora o mais breve possível, de que meu lugar não é aqui. É inquietante falar sobre algo que me acompanha por tantos anos, se agora tenho dezoito, concluo que passei minha adolescência inteira pensando sobre esse lugar ao sol que não sei onde e nem se está me esperando. Se essa não é minha vida, então qual é? 


Muitas coisas sobre isso são interessantes, inclusive como esses sentimentos nos levam a pensar que, de alguma maneira, somos especiais e que nossa inquietação é algo tão único nesse Universo gigante cheio de tantas outras coisas inquietas e especiais. Quantas pessoas hoje pensaram sobre não pertencerem ao lugar onde estão? Quantas se entregaram a isso e foram atrás do seu lugar? Quantas não sentaram na frente do computador e escreveram sobre isso, inquietas?!


Deixo aqui registrado, como Vitoria Leona que sou, sempre fui e ainda serei, que desde o início da minha adolescência tenho a convicção de que o misto de sensações e confusões que sinto me levarão a um lugar, que elas me dizem que tem algo muito maior para mim por todo o mapa. Deixo aqui registrado que farei jus a tudo que sinto, e que irei conhecer o mundo e descobrir o que ele tem pra mim, e que desejei por tanto tempo. Como disse a Tati Bernardi, ou qualquer outra pessoa que no final perdeu a autoria para internet, não, eu não quero ser mediocre.


Escrito em 16 de abril de 2017.

bottom of page